Criança Precoce - Uma Abordagem Espírita

Por Rodrigo Sales

A precocidade de certas crianças para as línguas, a música, as matemáticas, etc., todas as ideias inatas, numa palavra, igualmente não passam de lembranças: elas se lembram do que souberam, como se vêem certas pessoas lembrar-se, mais ou menos vagamente, do que fizeram ou do que lhes aconteceu. (RE, 1857: 48)

Criança precoce é aquela que apresenta habilidades e/ou Quociente intelectual (QI) não compatíveis para a sua idade. Precoce é toda crianças que amadurece moral ou intelectualmente muito mais rápido do que seu tempo normal demonstrando desde cedo perfeitas condições de desenvolver e executar atividades que normalmente só podem ser feitas por adultos.

No livro Criança - Uma abordagem Espírita (Editora O Clarim) o escritor Waldehir Bezerra de Almeida tem a oportunidade de elucidar algumas características de natureza comportamental que transcrevo abaixo para servir como meio de compreender melhor quais características são observadas nestas crianças:
  1. linguagem precoce, com vocabulário avançado para sua idade;
  2. habilidade de leitura e escrita em tenra idade;
  3. ritmo de aprendizagem rápido;
  4. curiosidade e interesses diversos;
  5. capacidade de concentração e boa memória;
  6. habilidade em gerar ideias originais;
  7. grande bagagem de informações sobre temas de interesse;
  8. perfeccionismo na realização de tarefas, por isso prefere fazer trabalho independente;
  9. senso de justiça exacerbado, questionando regras e autoridade;
  10. paixão por aprender, demonstrando persistência em tudo o que faz;
  11. lembranças de fatos que não se deram na vida atual (O caso da Charge acima);
  12. sonhos bastante lógicos e incomuns para a sua idade.
É claro que estas caractéristicas não devem servir como um manual a diagnosticar qual criança é ou não precoce, trata-se de uma sequência de observações feitas sobre o comportamento humano. Que por sinal é um hábito que os pais e educadores tem que é o de buscar manuais onde possam padronizar seus diagnósticos sobre o comportamento dos filhos e educandos, o que é profundamente incoerente tendo em vista que somos individualidades e portanto temos inúmeros pontos diferentes uns dos outros. Segue abaixo videos que ilustram exatamente o que foi discorrido até o momento:




Mas tratando-se de crianças precoce inúmeros questionamentos surgem principalmente como proceder com elas sabendo que a sua maturidade está bem mais avançada do que se esperava. Como os pais e educadores devem se comportar diante de tais casos e situações? Naturalmente se faz necessário um estudo e um aprofundamento desta questão por parte destes pais e educadores e principalmente se forem espíritas.

Allan Kardec questionou os Espíritos sobre qual seria o estado intelectual da alma da criança ao nascer, ao que obteve como resposta: "Seu estado intelectual e moral é o que tinha antes da união ao corpo, isto é, a alma possui todas as ideias anteriormente adquiridas; mas, em razão da perturbação que acompanha a mudança de estado, suas ideias se acham momentaneamente em estado latente. Elas se vão esclarecendo aos poucos, mas não se podem manifestar senão proporcionalmente ao desenvolvimento dos órgãos" (QE: cap. III, q. 117). Sabendo disso podemos concluir que apesar de serem crianças, estas podem expressar condições muito mais superiores que seus próprios pais e educadores, e exemplos na história é o que não faltam.

Blaise Pascal (França: 1623-1662) com apenas dois anos de idade, sem ter tido qualquer estudo com livros ou professores, demonstrou, até a 32ª as proporções geométricas de Euclides, o criador da geometria espacial. Antônio Strandivarius (Itália: 1643-1737), aos treze, construiu e deu de presente ao seu professor o mais tradicional violino que se conhece até os dias atuais, o qual leva seu sobrenome. Wolfang Amadeus Mozart (Áustria: 1756-1791), aos dois anos, tocava piano; aos três, violino e , aos cinco, escreveu sua primeira ópera, extasiando o público e os críticos. Jonh Stuart Mill (Inglaterra: 1806-1873), com três anos apenas, conhecia o alfabeto grego. Castro Alves (Brasil: 1847-1871), aos doze anos, traduzia odes de Virgílio, com perfeição e beleza de métrica e rima e o próprio Jesus que desde criança desenvolvia longos discursos expondo aos doutores da lei e às criaturas humanas as belezas do amor de Deus e do Reino dos Céus.

Léon Denis conta, na sua extraordinária e pouco estudada obra O problema do ser , do destino e da dor, que no Congresso Internacional de Psicologia de Paris, em 1900, Charles Richet, da Academia de Medicina, apresentou em assembleia geral um menino espanhol de três anos e meio, chamado Pepito Arriola, que tocava de improviso, ao piano, árias variadas, muito ricas de sonoridade. Nesta circustância, o autor da clássica obra Tratado de metapsíquica fez relatos extraordinários das virtudes musicais de Pepito, entre eles o de que com três anos de nascido tocou piano no Palácio Real de Madri diante do rei e da rainha-mãe, executando seis composições musicais de toda a sua produção.

Muitos são os casos destas crianças precoce ao longo dos séculos, mas diante de tais situações encontramos um questionamento importantíssimo que é feito: De quem estas crianças herdaram estas aptidões? E somente o Espiritismo com a fé que proporciona ao demonstrar de maneira lógica a pluralidade das existência é que vai conseguir explicar que não trata-se de uma herança de terceiros, ou de pai para filho ou de avô para neto e sim uma herança do próprio espírito que pelos seus esforços atingiu estas habilidade que nesta fase de infância (por uma necessidade reencarnatória do proprio espírito) são apresentadas às pessoas.

Finalizando, dirijo minha atenção neste momento a você pai e educador (espírita ou não), não se envaideçam com a precocidade de seus filhos e educandos, pois suas virtudes são conquistas pessoais, e não heranças genéticas. Antes, se preocupe em dar-lhes formação moral consonante com as leis divinas, para torná-los homens de bem e felizes.

Muita paz!






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